The question of Duck

A autora belga Leen van den Berg aborda, nestse precioso e sensível livro, um tema considerado por muitos, um tabu. A pata, personagem principal e autora da mais importante pergunta feita na reunião anual dos bichos “O que acontece quando morremos?”, acabara de perder seu filhote e ainda sentia-se muito triste. Coordenada pela sábia e gigante tartaruga, a reunião se inicia com um convite aos animais presentes de juntos procurarem respostas para as perguntas difíceis. Todos têm muitas perguntas sem respostas para compartilhar: o elefante quer saber por que tem uma tromba tão comprida; uma distinta senhora quer saber por que não é uma rainha e a criança indaga o porquê de ter quede ir pra cama tão cedo. A algazarra é interrompida pela tartaruga que anuncia: “Hoje é a vez da pata. Ela tem uma pergunta muito difícil.” Esse tema tão incomum no universo dos livros infantis, porém, tão necessário e instigante, certamente nasceu da curiosidade da autora que realiza muitas pesquisas sobre o comportamento humano e foi também uma estudiosa da psicanálise. Leen van den Berg tem o poder de conduzir o leitor suavemente pelas entranhas de um universo pouco explorado e de certa forma, evitado. A ideia de compartilhar com outros as dúvidas, inquietações, angústias, e questionamentos é de uma generosidade ímpar. Através das Mediante as respostas de cada personagem, o pesar do tema vai ganhando fluidez, gerando na pata e nos leitores, um alívio libertador. As ilustrações expressivas de Ann Ingelbeen acompanham e reforçam perfeitamente todos os sentimentos gerados pelo texto durante a narrativa. Destaque para a ilustração das páginas 10 e 11 em que a personagem principal aparece curvada e com a cabeça rebaixada segurando nas asas o que parece ser uma foto ou outro tipo de lembrança do filhote perdido. Um feixe verde e claro que incide sobre a cabeça da pata contrasta com as margens marrom- escuras do restante das páginas, criando um foco de atenção na personagem, além de uma ideia de iluminação. Um livro incrivelmente sensível e necessário. (Ana Leite, www. reab.me)